Alma de borracha

08 de maio de 2024 - Categoria: Artigos, Filosofia Barata, Humor, Imaginação, Inspiração

Fonte: Wikipedia

“There are places I remember all my life, though some have changed.” – Lennon/McCartney

Se você acompanha o blog desde o começo, já sabe que sou fã dos Beatles. Caso não, leia esse texto aqui e você vai entender. É fato que sou influenciado pelos quatro garotos de Liverpool desde menino, quando nem adolescente era. Na época, não tinha ideia do tamanho deles e de como fariam parte da minha vida. Não imaginava que um dia faria uma tatuagem, no meu braço, em homenagem a eles. Tatuei o bumbo da bateria da capa do álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. 

A tatuagem foi porque gosto do disco e da imagem da capa. Mas também porque, ao longo da minha trajetória neste planeta, escutei várias histórias sobre esse álbum. Talvez a que tenha me marcado mais aconteceu com meu pai, um alemão extrovertido e de um coração enorme. Na época, ele estava estudando em Monte Aprazível, em um colégio interno e, conta ele, quando o álbum foi lançado, comprou 1 cópia para cada uma de suas irmãs, minhas tias Ni e Sônia. Acontece que, quando ele voltava de ônibus para Rio Claro, durante uma parada, desceu e deixou os discos em cima da sua poltrona. Quando retornou ao assento, os LPs não estavam mais lá. Ele havia sido roubado. Triste, mas acontece. 

Outra passagem minha, envolvendo os Fab Four, foi quando, no começo dos anos 90, fui pescar com meu pai no Pantanal Mato-Grossense. Eu tinha 08 anos e embarcava na minha segunda viagem de pescaria. A primeira foi para o Rio Taquari, no estado de Mato Grosso do Sul. A diferença é que nessa viagem faríamos uma parada, estratégica e cheia de más intenções, na cidade de Ponta Porã, na divisa com o Paraguai.

E o motivo desta parada foi, como você deve estar imaginando, compras! Na época, não havia muitas novidades aqui e, quando havia, o preço era exorbitante. Em Pedro Juan Caballero (Ponta Porã e ela são cidades fronteiriças, uma rua separa os 2 países), eram, digamos assim, mais acessíveis. E foi nesta viagem que ganhei um Discman, um CD de Euro Dance (?) e… meu primeiro CD dos Beatles, o Rubber Soul (em português literal, Alma de borracha). Foi amor à primeira ouvida. Esse disco representa uma mudança, um crescimento musical do quarteto. Foi quando o público, e eles também, se deram conta de que eles poderiam fazer canções mais maduras e profundas, não somente músicas “adolescentes” como Eu quero segurar na sua mão…

Altamente influenciado pela maconha, segundo John Lennon, escolheram esse nome, pois, na foto da capa (essa aí de cima), estavam com os olhos vermelhos (que não eram de chorar) e com cara de chapados. Há quem diga também que esse nome faz referência a soul music americana da época. Como todo grande disco de uma grande banda, ele é rodeado de histórias e lendas. Provavelmente nunca saberemos o real motivo do nome. Se bobear, nem eles sabem. Na época, a maconha e outras “cositas más” eram consumidas a rodo e sem um pingo de moderação. Neste artigo, publicado em 2013, você pode ler um pouco mais sobre ela. Gosto tanto desse disco que, há uns anos, escrevi um texto falando sobre a experiência de escutá-lo. Vou procurar e, se não estiver perdido, posto ele aqui.

Particularmente, prefiro me ater ao sentido literal. Precisamos ter uma Alma de Borracha para nos adaptar a todas as mudanças e situações que a vida nos proporciona, para tentar aproveitar nossa jornada ao máximo. Ser inflexível, não aceitar as mudanças e não estar aberto e pré-dispostos às novidades, faz com que fiquemos parados no tempo, sem conseguir evoluir. Pense nisso.

E me conta aqui nos comentários, você tem uma alma de borracha?

 

Ah, mais uma coisa, se não escutou esse álbum ainda, vá ouvi-lo. Tenho certeza de que não vai se arrepender.

 

 

Considero esse meu primeiro CD. Tempos depois, já adulto, voltei a escutar discos de vinil, e fiz questão que esse fosse o primeiro LP que comprei. O CD não tenho mais, o vinil sim.

Mais um caco espalhado por aí…

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