(Des) Informado

10 de janeiro de 2024 - Categoria: Artigos, Filosofia Barata, Humor, Imaginação, Inspiração, Tecnologia

“Às vezes, estar bem informado é só estar bem perdido com mais elegância. Esta crônica é sobre quando o saber demais vira o saber de menos.”

Ontem, durante o banho, enquanto me perdia entre reflexões buscando um tema para o texto da semana, lembrei-me do filme Mudança de Hábito (Sister Act). E me questionei se a atriz, a sensacional Whoopi Goldberg, ainda era viva. Terminado o banho, corri para procurar no Google e sim, ela está viva.

Hoje em dia, somos bombardeados por tantas informações e notícias, verdades e mentiras, que fica difícil armazenar tudo. Confesso que se houvesse uma maneira de dar um upgrade no meu hardware, trocar meu HD normal por um SSD, colocar uns RAMs de memória a mais, instalar um cooler ou 2, com certeza o faria. Sem dúvidas de que meu sistema operacional funcionaria com mais eficiência.

Admito que sinto saudade da minha infância, uma época em que o ritmo de vida era mais tranquilo. Parece que o relógio girava mais devagar, que o dia demorava a terminar. Hoje em dia, essa fluidez na divulgação de notícias (falsas ou não) deixa tudo muito instantâneo e descartável. Passamos (ou perdemos) muito do nosso tempo processando – e validando (graças as fake news) – informações e deixamos de lado coisas simples e ordinárias, que nos dão uma satisfação que não encontramos em tweets ou fotos do Instagram. Você lembra da experiência de, numa tarde ensolarada, ir até uma praça, curtir um sorvete de groselha e compartilhar apenas sorrisos com as pessoas que passam por você? Pois é. Queremos informar tudo a todos, o que fazemos e vemos. Onde foi parar aquela charmosa descrição de outrora?

Lembro de um tempo em que sabia de cor e salteado os nomes de todas as ruas do bairro, dos números de telefone dos amigos, dos restaurantes. De quando esperávamos os finais de semana para ficar sabendo das fofocas da cidade, geralmente quando encontrávamos com os parentes e/ou amigos. Hoje em dia, se me perguntar, não sei nem o número do celular da minha esposa. Meus documentos, cartões de banco e contatos estão todos no meu celular. Sem ele, sou um Zé Ninguém, praticamente um indigente. E sei que não sou o único assim. A que ponto chegamos.

Mas chega de saudosismo e nostalgia, pois esse mundo conectado tem, sim, suas vantagens. Já faz um tempo que conseguimos ter acesso a tudo e a todos, sem nem precisar botar o nariz pra fora de casa. As facilidades que a tecnologia trouxe são indiscutíveis. Para aqueles que não acreditavam, ou tinham receio, a pandemia veio para sacramentar essa nova realidade. Vivemos num mundo teoricamente mais frio? Sim. Vivemos num mundo onde sabemos tudo, mas no fim não sabemos nada? Sim, também. A praticidade de ter todas as informações na palma da mão está nos deixando mais burros (idiotas, talvez?)? Em alguns pontos sim e em outros não. Quanto mais sou alvejado por notícias que não tenho tempo de digerir, me sinto mais incapaz de ter uma conversa normal e descontraída, pois sei de tudo, mas não sei de nada.

Sou informado de desinformações.

 

Mais um caco espalhado por aí…

Se esse texto te tocou, compartilha. Se não tocou, compartilha também — vai que toca alguém? 😉
Posso contar com você? #espalhandooscacos

Ah, e aproveita pra se inscrever na newsletter e me seguir no Instagram: @cacos.docaco

0 comentários

Deixe o seu comentário!

Veja também

08 maio

Alma de borracha

“There are places I remember all my life, though some have changed.” – Lennon/McCartney Se você acompanha o blog desde o […]

Leia Mais
03 jan

Ato Volitivo*

  “There’s something wrong with the world today, I don’t know what it is…” (Aerosmith – Livin ́ on the edge) […]

Leia Mais
05 fev

Loop de Loop

Pois bem, amigos da… (Lembram do Galvão?) Brincadeirinha, foi só pra quebrar o gelo e começar a escrever. Às vezes preciso […]

Leia Mais

Newsletter

Um novo texto toda primeira quarta-feira do mês.
Inscreva-se e não perca as novidades.