Férias, hiato ou fim de um ciclo?
Vou tirar umas férias do blog. Os últimos 12 meses foram intensos. Escrevendo os textos, consegui me entender e contextualizar em […]
Leia MaisO mundo quebra todo mundo, e depois, muitos ficam fortes exatamente nos lugares quebrados. – Ernest Hemingway.
Esse texto vai ser um pouco diferente, vou falar sobre a minha trajetória até aqui. Não chega a ser uma autobiografia (não que não tenha tantas histórias), mas vou citar algumas aventuras – e desventuras – que ajudaram a me moldar. Todos temos causos para contar. Engraçados, tristes, de amor, solidão… E as minhas, sem exceção, impactaram e desenharam meus pensamentos, ideias e convicções. Formaram meu caráter e o resultado é o que sou hoje. A ideia é tentar fazer uma resumida retrospectiva da minha vida, do meu nascimento até os dias atuais. Acredite ou não, aconteceu muita coisa nos últimos 40 anos.
Fui adotado bem novo, quando era apenas um bebê, pelo melhor pai e melhor mãe que poderia pedir. Além de todo o amor, respeito e sinceridade, me proporcionaram todas as condições para que me tornasse o adulto que sou hoje. E de quebra ainda me presentearam com 2 irmãos que, assim como meus pais, amo e respeito incondicionalmente. Se conseguir transmitir a meu filho metade do que eles (pai, mãe e irmãos) até hoje me ensinam, tenho certeza de que terei cumprido minha missão aqui na Terra.
Tive uma infância feliz, nunca passei por necessidade alguma. Por muitas vezes, tive mais do que queria e precisava. Estudei, brinquei, me diverti e aprendi muito também. Aprendi a respeitar as pessoas, a saber o meu lugar nas situações, quando devia (e podia) falar. Talvez toda a tecnologia que temos hoje tirou isso das pessoas, muitas não sabem a hora de ficarem quietas. Acham que o bonito é dar opinião a torto e a direita, sem se importar com os outros. Hoje em dia o pessoal confunde liberdade com inconveniência, muitos não entendem a diferença. Gostamos de pessoas honestas e sinceras, mas não gostamos de pessoas inconvenientes. #ficaadica
Minha adolescência foi dentro do esperado. Uma época de descobertas, espinhas, chatices infinitas e desobediências. Descobri a música, a amizade, tive o meu primeiro amor. Tive decepções também, e agradeço por todas elas, me ajudaram muito a crescer, a evoluir, e o mais importante, me ensinaram a não repetir os mesmos erros. Na escola, era um aluno bem médio e preguiçoso, não me destacava em nenhuma matéria, tanto que cheguei a repetir o segundo colegial. O que mais me interessava na escola, além das garotas e dos amigos, era o teatro e o coral.
O colegial foi uma época muito gostosa da minha vida, foi nesse período que conheci os amigos que levo até hoje, foi onde me apresentaram esse tal de rock’n’roll, e foi também onde conheci as festas e me encantei pelo álcool e seus efeitos. A cerveja conhecia desde criança, quando tomava a espuminha do copo do meu pai. Aproveitei(bebi) bastante a vida nos meus anos de colegial e nos que se seguiram a ele. Fui fazer faculdade e morei sozinho por 2 anos, tranquei a matrícula, voltei pra minha cidade e comecei outro curso (que não terminei também). Comecei a trabalhar. E tudo isso no ritmo alucinante de festas e baladas. Sim, eu aproveitei bastante. Literalmente, curti a vida adoidado.
Dos 17 até os meus 30 e poucos anos, a vida foi uma grande festa. E quase sempre cumpri com minhas obrigações. Foram inúmeras às vezes que, quando dava tempo de dormir, acordava de ressaca e ia trabalhar me arrastando. Faria tudo de novo? Com cerveja. Faria isso hoje em dia? Nem a pau, Juvenal (maturidade salva-vidas). Com o passar dos anos, a constância das festas perdeu a graça e acabei optando por um estilo de vida mais tranquilo, o que resultou no meu primeiro casamento. A relação não fluiu do modo como esperava e, querendo uma melhor qualidade de vida para mim e meu filho, me divorciei.
Mas 1 ano antes do divórcio ocorreu algo que mudaria completamente a minha jornada. Sofri um grave acidente automobilístico. Um poste resolveu atravessar a rua bem numa curva, eu não vi e acabei acertando-o em cheio. O coitado não sobreviveu ao choque, mas eu, por pouco, sim. Por pouco, pois foram aproximadamente 40 dias em coma, entre a vida e a morte, sem saber o que iria acontecer. Foram longos 9 meses em uma cama sem poder colocar o pé no chão, me recuperando. Nasci de novo, hoje estou totalmente curado, e brinco que os meses acamados foram o meu período de gestação.
Neste tempo, preso a uma cama, refleti muito sobre tudo o que havia se passado e no que poderia se passar em minha vida. Pensei em minhas ações até o momento, em todas as pessoas que eu havia conhecido e que de alguma forma fizeram parte da minha trajetória. Foi um abrir de olhos para um novo mundo, onde pude me reconectar com algumas pessoas e apagar outras da minha lista de contatos. Foi um renascimento físico, espiritual e filosófico. Me dei conta de que o importante é ser feliz – sempre com responsabilidade – e que existem inúmeras cores nessa grande área cinza que envolve o nosso dia a dia. Viver e aproveitar esse colorido é o que realmente vale a pena. E nessa de fazer valer a pena meus policromáticos dias, eu me apaixonei, casei-me novamente, trabalhei e viajei. Continuo curtindo e aprendendo, com meu filho e esposa.
Tenho para mim que todos somos formados de pequenos fragmentos de situações que passamos ao longo da nossa vida. São os pequenos traumas e as pequenas alegrias que nos fazem pensar e repensar se estamos no caminho certo. São eles que nos conduzem, às vezes de forma imperceptível, nesse longo caminho. Para entender o futuro, é preciso conhecer o passado.
Somos todos uma grande salada, formados por pedaços de alegria, grãos de decepção, fatias de tristezas e temperados com inúmeras conquistas.
De caco em caco vamos nos formando em um grande e belo mosaico.
Mais um caco espalhado por aí…
Se esse texto te tocou, compartilha. Se não tocou, compartilha também — vai que toca alguém? 😉
Posso contar com você? #espalhandooscacos
Ah, e aproveita pra se inscrever na newsletter e me seguir no Instagram: @cacos.docaco
Vou tirar umas férias do blog. Os últimos 12 meses foram intensos. Escrevendo os textos, consegui me entender e contextualizar em […]
Leia Mais“Ao velho Lobo, com carinho: um mergulho afetivo na minha história com Lobão, suas canções e a rebeldia poética que […]
Leia MaisO mundo quebra todo mundo, e depois, muitos ficam fortes exatamente nos lugares quebrados. – Ernest Hemingway. Esse texto vai ser um […]
Leia Mais