Ato Volitivo*

“There’s something wrong with the world today, I don’t know what it is…” (Aerosmith – Livin ́ on the edge)

Não me recordo agora de qual álbum (ou coletânea…) essa música faz parte, mas também não acredito que essa informação mudará o rumo da conversa. Mas já tiveram a sensação de acordar e sentir que tudo está fora do lugar e todos, incluindo você, sabem disso e não fazem nada para consertar?

Demorei algum tempo para perceber, e acho que até já escrevi sobre isso, mas as melhores coisas da vida são as mais simples, as mais ordinárias (Um salve pro cumpadi Washington!). Chamo de ordinária, sim, mas no bom sentido, não quero que me entendam mal. Coisas banais como tomar um sorvete de groselha na praça, em um ensolarado domingo, é o tipo de situação que faz pensar em como a vida é bela.

É claro que pular de Bungee jump o fará mergulhar num mar de êxtase e num oceano de adrenalina, mas você, assim como eu (uma pessoa feliz, filho de Deus, nessa canoa furada, remando contra a maré – um salve pra Rita Lee), não desfruta destas loucuras todos os dias. Não diferente dos outros meros mortais que habitam este simpático planeta, temos nossas pacatas vidas, nossas imperturbáveis rotinas. E que delícia é a rotina. Aprendi após adulto a dar valor a ela. Enfim, já tiveram uma vontade súbita de mudar? Transformar radicalmente tudo o que está à sua volta? Sumir e recomeçar tudo em um lugar desconhecido? Reprogramar a sua rotina? Eu também.

Há um tempo assisti a uma reportagem, num jornal local, que falava sobre o desaparecimento de pessoas. Quando descobri que são comuns os casos de pessoas que simplesmente desaparecem apenas por querer mudar de vida, fiquei assustado. E, ao mesmo tempo, vi que, de certa forma, eles têm razão. Não se pode esperar que os outros façam acontecer. Aquela velha história do faça você mesmo continua sendo a mais pura verdade. Seja hoje a mudança que você espera amanhã.

Acordou e percebeu que o mundo está esquisito, que as pessoas sabem e não fazem nada a respeito? Arregace as mangas e mãos à obra. Se quiser alguma mudança, comece por você. Sentar-se na calçada e olhar as rodas dos carros girarem, assim como John Lennon cantou, é um ato simples, mas que pode ser o pontapé inicial para uma grande mudança. Entender que o ordinário pode ser extraordinário.

Dê o primeiro passo, ele é o mais difícil e também o mais importante.

*Processo cognitivo no qual uma pessoa decide praticar uma ação por sua vontade.