Amizade (quase) Sincera

28 de fevereiro de 2024 - Categoria: Artigos, Filosofia Barata, Inspiração

Imagem: Freepik

“A amizade é um amor que nunca morre.” – Mário Quintana

Em filmes, TV e livros, a amizade é um relacionamento excessivamente romantizado. Em Hollywood, são rotineiras as discussões que, após alguns segundos, parecem que nunca aconteceram. Sempre é considerada amizade verdadeira aquela em que temos a liberdade e a obrigação de sermos sinceros (E temos essa obrigação, sim!) e de falar a verdade a todo momento. Como não vivemos num filme ou num sitcom, dependendo do assunto, a conversa fica muito difícil de ser tida. A verdade dói e nunca estamos preparados para escutá-la, ainda mais se forem relacionadas a trabalho, relacionamentos amorosos e sobre a vida pessoal. Não há amizade que não seja abalada quando a verdade, nua e crua, é dita.

Eu não sou e nunca fui uma pessoa de muitos amigos. Literalmente falando. Meu seleto grupo de comparsas permanece praticamente o mesmo há cerca de 25 anos. Isso pode ser um problema em algumas situações, visto que não somos todos iguais, e um privilégio em outras. É claro que ao longo de meus 40 anos conheci muita gente, me relacionei com inúmeras pessoas. Colegas, tive às pencas. Na fase dos 20 e poucos anos, parecia político em época de campanha. Em qualquer lugar que ia, conhecia, cumprimentava e conversava com todos. Da vendedora de balas na rua até o mega empresário. Mas, amigos mesmo, aqueles em quem confio de verdade, por quem faria sacrifícios, em sua esmagadora maioria, continuam os mesmos desde a época da adolescência.

Segundo Aristóteles, existem 3 tipos de amizades: a baseada no prazer, a por interesse e a amizade verdadeira. Acredito que muitas das vezes elas acabam se fundindo e confundindo, precisando de um tempo de amadurecimento para podermos enxergar de fato em qual tipo elas se encaixam. Às vezes começamos a amizade por um interesse ou prazer em comum e, conforme o tempo vai passando, descobrimos as virtudes da pessoa e a amizade passa a ser verdadeira, ultrapassando a barreira do prazer e do interesse. Ou não.

Mas voltando ao título, antes que me levem por falso amigo, amizade verdadeira tem que ser 100% honesta e transparente. Acontece que ao longo do tempo vamos entendendo e aprendendo como e quando falar sobre certos assuntos. O (quase) está lá, pois nem sempre é a hora de darmos 100% da nossa opinião. Tudo tem sua hora e nem sempre é durante uma conversa mais séria, no calor de uma discussão. Podemos introduzir o assunto, deixar o amigo pensar um pouco e depois, quando ele já tiver digerido a conversa, terminarmos o raciocínio.

Tenha isso em mente, mas entenda também que irão existir situações em que a verdade precisa ser dita na lata, sem enrolações. Cuidado com isso, pense sempre antes de falar. Não vá praticar um sincericídio desnecessário e acabar com uma amizade, às vezes, de anos. Por fim, voltamos àquela velha discussão, o difícil não é agir, é como agir. Lembre-se, sempre existirão pessoas que não aceitarão escutar a verdade, mas isso não o impede de dizê-la.

Que seja dita, impiedosamente, a verdade: não é fácil ter/ser um bom amigo!

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