Alinhado e desbalanceado

13 de dezembro de 2023 - Categoria: Artigos, Filosofia Barata, Humor, Imaginação, Inspiração

“Às vezes, é no barulho da roda bamba que percebemos o que precisa de ajuste. Esta crônica é sobre esses momentos em que tudo parece sair do prumo — e mesmo assim, a gente vai.”

Não! O assunto deste texto não são os veículos automotores conhecidos popularmente por carros. Mas isso não quer dizer que não podem ou não serão citados. Como tudo na vida, para se ter o melhor desempenho, é necessário estarmos alinhados e balanceados com o cosmo. Nessa premissa, incluo tudo e todos os relacionamentos, sejam eles os amorosos, os de trabalho, na família e com os amigos. Temos sempre que buscar o ponto de equilíbrio, onde direitos e deveres convivem em total harmonia. E isso nem sempre é fácil, é algo que exige comprometimento, resiliência e muita vontade. Muita mesmo.

A vida vem em ondas como o mar, já dizia Lulu Santos. Entre remansos e redemoinhos, nossa vida segue, e temos que nos virar (às vezes em menos de 30 segundos) para fazer dar certo. Essa suposta facilidade de se adaptar às mais diversas intempéries e ambientes é, na minha opinião, o que nos difere do resto dos animais. É o que nos coloca no topo da cadeia alimentar. Essa história de polegar opositor é para inglês ver (Mr. Charles Darwin, que me perdoe). Se não tivéssemos vontade e disposição para evoluir, criar, melhorar e – o mais importante – nos adaptar, o polegar opositor não teria toda a fama que tem. Seria apenas mais um figurante nesse prazeroso espetáculo chamado evolução!

Ah, mas falar é fácil, quero só ver fazer, você deve estar pensando. Eu concordo e assino embaixo. Até hoje venho, aos trancos e barrancos, tentando estabelecer o equilíbrio na minha vida. Mas isso não me impede de ter uma vida saudável, feliz e alegre. Já parei para pensar que talvez nunca alcance essa meta. Me questionei também se justamente não alcançar esse equilíbrio seja o nosso propósito. A resposta para a grande pergunta, o motivo da nossa existência, o porquê estamos aqui, talvez seja exatamente essa. Temos que fazer como os cachorros, passar os nossos dias correndo atrás do rabo.

Falando em cachorros, me lembrei de um que tive quando ainda era uma pequena criança lá em Barbacena. A Faní. Uma pastora alemã dócil e, ao mesmo tempo, brava. Tentamos, sem sucesso, com que ela cruzasse com algum cachorro, mas ela sempre batia nos pretendentes. Morreu virgem. Mas não vim aqui pra escrever sobre a vida sexual de meus animais de estimação, certo? Lembro que Faní sempre brincava de correr atrás do rabo, como qualquer cachorro. E me lembro também do que acontecia quando ela conseguia. A brincadeira acabava. No dia seguinte, ou alguns minutos depois, lá estava ela, decidida, compenetrada, focada em abocanhar novamente sua cauda.

Pense numa vida sem contratempos. Imagine passar a vida sem nenhum abacaxi para descascar, sem nenhum pepino pra resolver, tendo tudo o que precisa sem fazer um mínimo de esforço. Sem precisar mover um dedo sequer para ter tudo o que desejar. E sem conquistas para se orgulhar também, pois não precisará se esforçar para nada. Será que é isso que buscamos? Só de imaginar já fiquei entediado, igual à Faní, após pegar o rabo. Precisamos celebrar, comemorar as nossas conquistas. São elas que nos fazem seguir em frente, evoluir. Superar os desafios é o que nos faz Pessoas.

Nossa, esse texto ficou confuso. Comecei com carros, depois sobre equilíbrio com o cosmo, surfei nas ondas do Lulu, falei sobre a evolução do ser humano, desdenhei do polegar (não a banda, o dedo), terminei falando da vida sexual da minha cachorra e sobre como ela ficava entediada. E mesmo me contradizendo, cheguei num final para o texto. Acho que o segredo é esse, manter a cabeça aberta, estar sempre disposto. Mesmo desalinhados e desbalanceados, conseguimos, de forma surpreendente e às vezes homérica, chegar ao nosso objetivo. Ou pelo menos continuar tentando.

Talvez o equilíbrio seja estar alinhado e desbalanceado. E você, o que acha?

Mais um caco espalhado por aí…

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