Felicidade

22 de maio de 2024 - Categoria: Filosofia Barata, Inspiração, Novidades

Crédito: Oleksii Liskonih

 

“Aproveite as pequenas coisas, porque um dia você poderá olhar para trás e perceber que elas eram as grandes coisas.”
Robert Brault

 

Nunca vi uma tragédia como a que acontece no Rio Grande do Sul. Sei que já faz um tempo que ela vem ocorrendo, mas demorei para entender e associar o que estava acontecendo. Apesar de acompanhar as notícias, ainda estava distante, desconectado emocionalmente. Não consigo imaginar o sentimento dos que vivem essa catástrofe. Talvez meu subconsciente estivesse evitando essa conexão. Acredito que é inerente à natureza de qualquer ser vivo se afastar de coisas tristes e/ou perigosas. Já assistiram aos comerciais do Médico Sem Fronteiras? Não sei para vocês, mas para mim são os momentos mais tristes da grade. A música, as imagens, a narração. É impossível não se sentir comovido e incomodado assistindo às propagandas. E é por isso que, quando começa o reclame (não é o do plim-plim), eu mudo de canal. Não por ser insensível, mas pelo contrário.

Depois do meu acidente, me sinto muito mais suscetível a abalos emocionais quando vejo uma tragédia. Toda a comoção e solidariedade de parentes, amigos, conhecidos e até de desconhecidos conseguiu amolecer meu coração peludo. Talvez tenha trazido a mim, novamente, a fé na humanidade. E toda a mobilização nacional em prol dos nossos queridos gaúchos reafirma a minha fé. É muito bonito ver a sensibilidade e solidariedade para com a situação.

Fato curioso: certa vez, um aluno perguntou a Margaret Mead*: qual o primeiro sinal de civilização? Ao que ela prontamente respondeu: um fêmur curado. Segundo ela, o primeiro sinal de civilização é a compaixão, vista em um fêmur curado. Se pensarmos um pouco além do fêmur e analisarmos todo o contexto envolvido, o enfermo precisou de cuidados durante sua recuperação. Precisou se alimentar e ingerir líquidos, o que provavelmente não conseguiria sem alguém para ajudá-lo. No mundo animal, caso algum indivíduo fique ferido, doente e não consiga acompanhar o bando, é deixado para trás. Sem compaixão.

O mundo não está abandonando os gaúchos. Todos, inclusive os que, assim como eu, não têm ideia do que é estar nessa situação, estão sensibilizados, fazendo doações e sacrifícios para tentar amenizar a dor dos que convivem diariamente com essa tragédia. A compaixão para com eles é linda e confortante, reascende a fé em um futuro melhor. Essa corrente de solidariedade nos faz pensar, refletir sobre o que realmente importa na nossa vida: será que damos o devido valor? Colocamos em primeiro lugar aquilo que realmente importa? Ultimamente, tenho refletido muito sobre isso.

Até que ponto a vaidade, ganância e autossatisfação nos fazem enxergar e valorizar o que realmente precisamos para ser feliz? É com a máxima certeza que digo que todos que perderam entes queridos dariam todos os seus bens materiais para trazer de volta um filho, uma mãe, um pai… No fundo, o que realmente importa é estar na presença daqueles que amamos e nos importamos. Devemos agradecer diariamente por tudo de bom que temos na vida, pelo alimento que nos tira a fome e pela água que nos mata a sede. E pela presença de todos que amamos e que são importantes.

Uma listinha de perguntas que me faço diariamente, para não perder o foco:

  • Valorizo o que realmente importa?
  • O que é felicidade para mim?
  • Me considero uma pessoa feliz?
  • O que é preciso para ser feliz? 

Não existe uma resposta certa, ela varia muito conforme a nossa idade e a fase em que vivemos no momento. Utilizando frases feitas, o presente é agora, dê valor a ele. A felicidade está nas pequenas coisas do nosso dia-a-dia. O abraço de um filho, o beijo de uma mãe, um chamego da parceira (ou parceiro) e até mesmo um sorvete de groselha numa tarde ensolarada e quente. A verdadeira felicidade está nas pequenas coisas. Pense nisso.

 

* Margaret Mead (1901-1978), antropóloga estadunidense, foi um dos expoentes da chamada escola culturalista norte-americana.

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